Retrato Territorial de Portugal

114 A SUSTENTABILIDADE DEMOGRÁFICA DOS TERRITÓRIOS II.3. OS PADRÕES TERRITORIAIS DE FECUNDIDADE E O PAPEL DA POPULAÇÃO ESTRANGEIRA Ao longo das últimas décadas, a fecundidade tem registado um declínio acentuado em Portugal, sendo possível identificar assimetrias regionais no que respeita ao decréscimo da fecundidade. Se, nas décadas de 70 e 80, era possível observar um claro contraste entre o Norte do país, mais fecundo, e o Sul, menos fecundo (Cruz, 2011), em consequência das diferentes lógicas de organização familiar, a partir da década de 80 e durante a década de 90, este contraste passa a ser menos evidente, em resultado da consolidação da transição demográfica ‘moderna’ (Ferrão, 1996; Bandeira, 1996), caracterizada pela diminuição generalizada aos vários contextos regionais da fecundidade (abaixo do limiar que garante a substituição das gerações), pelo adiamento do casamento e da parentalidade, pelo aumento da coabitação, dos nascimentos fora do casamento e do divórcio. Estas dinâmicas podem, assim, ter impacto na sustentabilidade demográfica dos territórios na medida em que podem influenciar a decisão e a oportunidade em torno do nascimento de um filho, reduzindo a probabilidade de inversão do processo de envelhecimento demográfico por via do saldo natural (Abreu e Peixoto, 2009). Deste modo, as migrações e o seu potencial contributo demográfico para o rejuvenescimento e renovação das populações constituem um ativo fundamental a considerar numa perspetiva de compensar o decréscimo do saldo natural e a diminuição e o progressivo envelhecimento da população (Rosa et al. , 2004; Peixoto et al. , 2017).

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