Retrato Territorial de Portugal

79 A SUSTENTABILIDADE DEMOGRÁFICA DOS TERRITÓRIOS RETRATO TERRITORIAL DE PORTUGAL II.1. AS ASSIMETRIAS TERRITORIAIS DA EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO As questões associadas à concentração territorial da população, designadamente por via de um processo de litoralização e consequente despovoamento do Interior, colocam desafios à sustentabilidade demográfica dos territórios. A configuração espacial dos territórios de concentração da população portuguesa remete para o contaste Litoral/Interior analisado por Ferrão (2002) – o Litoral mais urbano e económica e demograficamente mais dinâmico que se diferencia do Interior mais rural, menos desenvolvido e demograficamente repulsivo (p. 154). Na verdade, Ferrão propõe uma leitura do país com base em três geografias que não se anulam, mas que funcionam de modo combinado. Para além do contraste Litoral/Interior e da oposição Norte/Sul, o autor salienta a formação de aglomerações urbanas ligadas entre si, por via do desenvolvimento e investimento em infraestruturas de transporte e de comunicação, que se repartem pelo território, incluindo o Interior, e para quais a implantação de instituições de ensino superior tem significativamente contribuído para a dinâmica económica e demográfica, nomeadamente nos territórios urbanos. Deste modo, na análise da evolução da população importa considerar o contributo da componente natural e migratória e avaliar se os territórios revelam capacidade de assegurar vitalidade demográfica por via saldo natural ou se dependem para tal de movimentos migratórios.

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