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INEWS
Nº26
dezembro’ 2015
©
INE, Lisboa Portugal, 2015
voltar80 Anos de INE e de produção de estatísticas oficiais
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O declínio da população agrícola iniciou-se comprogressiva tendência para a
abertura do país aos mercados externos. Em Portugal, a saída da população
agrícola e rural, para os postos de trabalho criados com o processo de
industrialização e, principalmente, a emigração que se iniciou, de forma
maciça, nos anos 60 foram as principais causas. De 1960 para 1970, a
população ativa agrícola diminuiu 30% e atualmente representa apenas 3%
da população ativa total, sendo 12 vezes inferior à contabilizada na década
de 60.
A par do êxodo da população agrícola e rural ocorreu uma acentuada
transformação tecnológica. Amecanização, a crescente utilização de adubos
químicos, sementes selecionadas e pesticidas, nomeadamente herbicidas,
foram o aspeto mais evidente das transformações operadas, que, em
meados dos anos 70, já se encontravam largamente generalizadas. Para
ilustrar, apresenta-se uma evolução do nº de tratores agrícolas desde 1952
(1º registo sistemático detetado nos arquivos estatísticos).
E
M
1960,
A
POPULAÇÃO ATIVA AGRÍCOLA
ERA
CONSTITUÍDA
POR
1,4
MILHÕES DE
PESSOAS
,
EMPREGAVA
42%
DA
FORÇA DO
TRABALHO DO
PAÍS
E
REPRESENTAVA
16%
DA
POPULAÇÃO
RECENSEADA
Em 1974 iniciou-se uma nova época; a reforma agrária assente em dois
grandes pilares:
Necessidade de melhorar as condições de vida e de trabalho;
Adequar a estrutura das explorações agrícolas ao sistema económico.
Esta foi rapidamente absorvida pela Contra-Reforma Agrária que, até final
dos anos 80, acabou com as unidades de produção da reforma agrária,
geridas por coletivos de trabalhadores.
Em 1986, com a entrada de Portugal na CEE (Comunidade Económica
Europeia), a atividade agrícola, enquanto atividade económica, assume
nova dimensão, passando a privilegiar-se a competitividade.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
Tratores
1952
1955
1956
1953
1954
1957
1960
1961
1958
1959
1964
1965
1962
1963
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
A Superfície Agrícola Utilizada
No século passado, várias foram as políticas adotadas na vigência do Estado
Novo para aumentar a área cultivada. Desde a campanha do trigo em 1929,
passando pela política de florestação de baldios até à década de 40, todas as
iniciativas visavam a função alimentar, modelo económico prevalecente até
à década de 40.
O quadro económico-social resultante do êxodo da população agrícola levou
a uma forte redução da área cultivada, reforçada pelo facto de, em
determinados solos, a atividade agrícola não ser competitiva, isto é, não ser
possível produzir aos preços exigidos pelomercado. O cultivo intensificou-se
nasmelhores terras e a extensificação, a florestação e o abandono cresceram
nas restantes.