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“Good news, no news”
R
eferiu também que o papel de intermediário assumido pelo jornalista “é complicado, porque há muitas
entidades a produzir, a analisar ou a divulgar estatísticas” e que os estudos e resultados que apresentam sobre a
realidade “não são sempre convergentes”.
C
omo tal, os utilizadores são tentados a reunir a informação que melhor serve os seus interesses ou a que
conseguem entender melhor, quando não a desvirtuá-la em seu benefício. Ora, a seu ver, os jornalistas que,
ainda por cima, se regem pela máxima “Good news, no news” não escapam à regra.
Mais uma vez, a defesa da literacia estatística
P
or isso, realçou a importância da promoção da literacia estatística, não apenas junto dos jornalistas, mas também dos “diferentes
públicos que leem, veem ou ouvem as notícias e as interpretam de diferentes maneiras”, consoante os seus níveis de literacia e de…
simpatia.
N
o entanto, não limitou essa necessidade aos jornalistas e à sociedade em geral, salientando que “idênticas lacunas se manifestam, por
vezes com consequências mais gravosas, por parte de decisores”.
P
ortanto, a promoção da literacia estatística é, na sua opinião, fundamental para o “exercício da cidadania e para a própria identidade
nacional”, pois ajuda a formar uma ideia correta da realidade e não um quadro baseado em impressões, facilmente manipuláveis.
Privilegiar a atualidade e a frescura da informação
C
onsiderou que o INE deve procurar privilegiar a “atualidade e a frescura da sua informação e das suas análises” acompanhando de
perto a evolução da realidade, de fenómenos emergentes e de novos paradigmas a nível nacional, sempre que possível, propiciando
“comparações com a realidade europeia ou internacional, o que implica harmonização”.
Maior desagregação geográfica
S
ugeriu, ainda, que o SEN “produza mais informação territorial e aumente os níveis de
desagregação geográfica”, considerando que a realidade territorial evolui muito rapidamente
e está em contínua mudança.
P
or outro lado,
Virgílio Azevedo
salientou que pequenos territórios vizinhos, apesar de
geograficamente adstritos, podem ser muito diferentes entre si, e que, se a informação for
muito agregada, essas diferenças não sobressaem. A título de exemplo, defendeu que “a
taxa de desemprego deveria ser mais desagregada, de modo a fundamentar ou legitimar
propostas, projetos e reivindicações de atores e decisores locais baseadas em diferenças
territoriais reais, mas veladas por estatísticas mais agregadas”.