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Foram muitas as mudanças ocorridas na vida duma instituição que por
definição, não é, e não pode ser, imune às alterações vertiginosas do meio
envolvente.
O cliente do INE, o utilizador da informação estatística, não é hoje
exatamente o mesmo. A democratização do poder político e a generalização
do acesso à educação e à informação deram lugar a um novo utilizador: o
cidadão. A estatística passa a estar ao serviço da sociedade, do exercício da
cidadania, e não só dos poderes públicos. O cidadão comum participa na
tomada de decisão coletiva e quer basear as suas escolhas em informação
estatística fiável, pertinente, relevante, objetiva, imparcial, transparente,
oportuna e pontual. O INE atual responde a esta mudança com uma
alteração de paradigma: o enfoque é agora o de servir a sociedade,
produzindo informação com qualidade, que apoie a tomada de decisão,
pública, privada, individual e coletiva, bem como a investigação (…).
Também os respondentes veem alterado o seu estatuto. O princípio da
autoridade estatística amplia o seu alcance, passando da simples noção de
obrigatoriedade de resposta à preocupação com o respondente, medindo a
carga estatística sobre os inquiridos, propondo alterações metodológicas
visando a sua diminuição e criando instrumentos que lhes possibilitem a
resposta eletrónica.
Por outro lado, as transformações ocorridas na sociedade nos últimos anos
têm conduzido a uma tendência internacional para o aumento da dificuldade
e da resistência à inquirição estatística. Assim, subjaz a este impulso não
apenas a consideração com quem fornece a valiosa matéria-prima para a
nossa atividade, mas também o perene objetivo da garantia da qualidade
estatística, dependente da cooperação dos respondentes. O facto destes
percecionarem que a informação estatística que lhes é pedida não
representa uma carga exagerada e está protegida pelo segredo estatístico,
facilita evidentemente a sua cooperação.
Parece indiscutível afirmar que estes anos foram palco de um aumento da
eficiência do INE. Não fazemos apenas as mesmas operações com um menor
volume de recursos. Fazemos mais operações, com maior dimensão e com
resultados mais fiáveis. Usamos novas tecnologias de recolha, de tratamento
e de análise de dados.
Vivemos numa sociedade marcada pela aceleração do tempo, na qual a
necessidade de oportunidade e pontualidade da informação estatística se
reveste de contornos outrora impensáveis.”
Sérgio Bacelar
In
O INE: Desafios do Passado, Desafios do Futuro
O Boletim Mensal de Estatística,
com data de maio de 1935,
foi a primeira publicação,
do Instituto Nacional de Estatística
O que mudou
INE
WS
Nº22
dezembro’ 2014
©
INE, Lisboa Portugal, 2014
1935 – 2015: 80 anos de INE
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