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FI
n.º 51
As balanças alimentares constituem uma medida indireta do consumo alimentar
Foram publicados recentemente os dados da Balança Alimentar Portuguesa referente ao quin-
quénio 2008-2012. As balanças alimentares constituem uma medida indireta do consumo
alimentar, na medida em que o que realmente avaliam é a disponibilidade alimentar, ou seja,
a quantidade total de alimentos e bebidas que se encontram disponíveis para consumo, num
país. Não são, por isso, sensíveis a assimetrias que se observam na distribuição dos alimentos
entre os habitantes do território.
Há uma forte correlação entre os dados provenientes das balanças alimentares e os dados
de consumo alimentar obtidos através dos inquéritos aos orçamentos familiares
Contudo, as variações na disponibilidade ao longo do tempo constituem uma medida inte-
ressante para avaliar tendências de consumo, existindo, nomeadamente, uma forte correlação
entre os dados provenientes das balanças alimentares e os dados de consumo alimentar
obtidos através dos inquéritos aos orçamentos familiares. Esta nota introdutória é relevante,
uma vez que conclusões globais que possam ser tiradas não se estendem, por exemplo, às
franjas da população em real carência alimentar.
Será interessante perceber por que é que as pessoas decidem que alimentos compram
Assim, sendo as balanças alimentares uma medida direta da aquisição de alimentos, para se
compreender as suas variações ao longo do tempo será interessante perceber por que é que
as pessoas decidem que alimentos compram. O facto de preferirem uns em detrimento de
outros constituirá um argumento ao qual certamente se associarão o custo, a perceção de que
fazem bem ou mal à sua saúde, a perceção de que são alimentos que conferem mais saciedade,
a proveniência dos produtos num alinhamento ético, de sustentabilidade e de segurança
alimentar, a influência do
marketing
, da moda ou de campanhas de educação alimentar.
O consumo de alimentos de origem vegetal está associado a um menor risco de doenças
crónicas
Estudos epidemiológicos têm mostrado inequivocamente que o consumo
de alimentos de origem vegetal, por exemplo, hortofrutícolas, leguminosas
ou cereais, se associa a um menor risco de doenças crónicas, quando
comparados com o consumo de alimentos de origem animal,
nomeadamente carnes processadas. Globalmente, os primeiros
apresentam menor custo do que os segundos, o que
poderia levar a sugerir que a crise económica que Portugal
tem atravessado nos últimos anos poderia constituir
uma oportunidade para começar a praticar uma alimentação
mais saudável, aliando os benefícios económicos com os de saúde.