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FI n.º 54

Segunda

revolução

nas

universidades

Ainda para aqueles autores, as universidades, depois de agregarem

a investigação ao ensino, começaram a incorporar o desenvolvimen-

to económico e social na sua missão, encetando novas formas de

relacionamento com as empresas, e os investigadores, que antes

viviam maioritariamente estribados numa cultura de criação e

disseminação livre do conhecimento, reconhecem cada vez mais a

importância de o rentabilizar, explorando novas oportunidades

financeiras resultantes da investigação. Esta evolução, se bem que

não desenvolvida de forma linear e homogénea no espaço e no

tempo, levou Heny Etzkowitz a falar numa segunda revolução nas

universidades e, em conjunto com Loet Leydesdorff, a conceber

o modelo Tripla Hélice para enquadrar a realidade de países

desenvolvidos, onde a inovação está muito associada a indústrias

baseadas na ciência e em atividades de desenvolvimento.

O modelo inspirador da

Tripla Hélice

O modelo da Tripla Hélice assenta assim no pressuposto de que,

numa economia baseada no conhecimento, a inovação é desenvol-

vida a partir das interações desenvolvidas entre empresas, universi-

dades e instituições públicas, constituindo as empresas o

locus

de

produção, as universidades o

locus

do conhecimento e da tecnologia

e as instituições públicas a garantia de relações contratuais e outro

tipo de apoios que asseguram estabilidade nas interações, além do

seu papel de regulador e promotor da atividade económica. Neste

sentido, a inovação resulta de um processo complexo e dinâmico

de experiências nas relações entre universidades, empresas e insti-

tuições públicas, numa espiral de “transições sem fim”.

E foi também para aprofundar o entendimento sobre a importância

das interações entre os diferentes atores (universidades, empresas

e instituições públicas) implicados na produção de conhecimento e

na inovação científica e tecnológica, causa e consequência do pro-

gresso das sociedades, que a FI entrevistou Claudio Sunkel, Professor

Catedrático de Biologia Molecular no Instituto de Ciências Biomédicas

de Abel Salazar da Universidade do Porto e Diretor do Instituto de

Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, partilhando

com os seus leitores a perspetiva deste investigador sobre a evolu-

ção da ciência em Portugal e a sua visão para o futuro.